terça-feira, 3 de junho de 2008

Vicissitudes do trabalhador emigrante

Fui hoje de novo à Commune (que é estilo Junta de Freguesia) para ver se finalmente termino com as burocracias para conseguir um cartão de residente. Segue-se isto a um longo processo, iniciado assim que cheguei (i.e. finais de Abril), que envolve inscrições, visitas da polícia, entrevistas, etc.

A primeira complicação foi logo com o meu nome, explicar que é perfeitamente natural e habitual ter dois prénoms e três noms... A "polícia chefe de quarteirão" terá ido à porta de minha casa pelo menos duas vezes (para ver se uma pessoa vive em condições dignas) mas não identificou o meu nome na campainha nem na caixa de correio. É obrigatório por lei e eu sabia, por isso foi das primeiras coisas que fiz: colocar o primeiro e último nome na campainha e na caixa de correio... Acontece que a informação que lhe deram não tinha toooooddddooooo o meu nome e portanto deixou debaixo da porta de entrada - para todos os vizinhos verem que recebo cartas da polícia - um envelope com metade do meu nome, indicando que poderia incorrer em multa se não me identificasse correctamente.

Ora bem, eu não tenho a culpa que seja um costume português ter um nome longo. É muito mais original que um simples Pierre Cormier! Também não tenho a culpa de não ter francês desde o 10°ano e de já nem sequer me lembrar onde fica a Alliance Française da Figueira da Foz...

A senhora inspectora de quarteirão também não tem culpa, eu sei, pelo que tudo foi resolvido ultrapassando a visita domiciliária (que pelos vistos ela conhece bem a minha casa devido provavelmente a anteriores locatários) e sendo eu a visitá-la na esquadra. Comentário: até acho muito simpático uma pessoa ficar a conhecer a inspectora do quarteirão, que nos pergunta se está tudo bem e assim.

Voltando ao início deste post, quer-se dizer então que cheguei atrasada 10 minutos e portanto na recepção a senhora olhou para o relógio e constatou o facto. Eu sorri e pedi desculpa. E não é que a senhora que me devia "entrevistar" já não tinha tempo de me atender? Como diria a senhora da Britcom: "What a fucking liberty!".
Continuei a sorrir enquanto dizia que percebia perfeitamente, até porque o erro era meu - sou uma lady. Foi procurar outra data e regressou passados 5 minutos perguntando:
-Quinta-feira às 8h, pode ser?
Eu:
- Oito... da manhã ou da noite?
- Da manhã!
Engoli em seco, continuei a sorrir e respondi:
- Claro que sim, está óptimo! Então até quinta!
E o meu interior gritava "Vês, o que é que os teus pais sempre te disseram acerca da pontualidade??? Agora toma!!!"
Até estou a ficar ansiosa para o raio da entrevista. Não era mais simples assinar e pronto? Será que me vão fazer perguntas difíceis? Posso usar a ajuda do público? Ligar para casa?

Se a senhora me atende dois minutos depois do tempo vou ter de lhe pedir para remarcar para outro dia!

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito, estilo perfeito! Esta mulher tem futuro na literatura! Mais alegria precisa-se, n'est ce pas?
já está nos favoritos bjks Teresa